O fotógrafo português João Silva, detentor de passaporte sul-africano, perdeu parte das pernas e sofreu hemorragias internas devido à explosão da mina que pisou no Afeganistão; mas mesmo assim continuou a tirar fotografias enquanto os paramédicos o tratavam, contou o jornal para o qual trabalha, o “The New York Times”.
Também sofreu ferimentos na zona pélvica, contou um porta-voz do jornal, Robert Christie, num e-mail enviado ontem para a agência noticiosa sul-africana SAPA.
"A repórter Carlotta Gall comunicou que o João continuou a tirar fotos depois da explosão, enquanto lhe aplicavam torniquetes, lhe davam morfina e o conduziam ao helicóptero”, disse Christie.
Entretanto, contactado pelo PÚBLICO, o mesmo porta-voz do "The New York Times", manifestou a esperança de que o destacado profissional ainda possa voltar à actividade, apesar de toda a gravidade dos sofrimentos sofridos e pelos quais tem recebido muitas mensagens de solidariedade.
Ontem à noite o fotógrafo luso-sul-africano seguiu para a base aérea de Bagram, perto de Cabul, a capital afegã, a fim de as suas feridas serem limpas e se proceder a mais exames, antes de uma prevista viagem para a Alemanha.
Inicialmente, João Silva, de 44 anos, natural da área de Lisboa, foi conduzido à base militar norte-americana de Kandahar, de onde transitou para Bagram, a caminho da Europa.
O fotógrafo pisou a mina quando percorria uma área perto da cidade de Arghandab, contou o seu jornal.
Nenhum soldado norte-americano foi ferido na explosão, mas três sofreram o impacto da mesma. Um grupo de sapadores e de cães tinha já passado pela zona alguns passos à frente de João Silva quando a bomba deflagrou.
Engenhos de fabrico rudimentar e minas contribuem para as frequentes baixas entre as tropas estrangeiras destacadas no Afeganistão. Mais do que qualquer outro tipo de armamento. Muitas das bombas são feitas com uma pequena quantidade de metal e por isso mesmo extremamente difíceis de detectar.
João Silva e a sua colega Carlotta Gall viajavam com uma unidade da Divisão Aerotransportada 101. Os soldados norte-americanos andavam em missão a expulsar os rebeldes taliban de Arghandab e dos campos em redor, desde há semanas, no âmbito de um grande esforço para garantir a segurança de todo o território próximo de Kandahar.
Silva tem fotografado guerras no Afeganistão, Iraque, África Austral, Balcãs e Médio Oriente. E tem ganho muitos prémios pelo seu trabalho, incluindo o The World Press Photo. É autor, juntamente com Greg Marinovich, de “The Bang-Bang Club”, crónica de um grupo de quatro fotógrafos que na década de 1990 cobriram a violência na África do Sul. Os outros dois eram Kevin Carter e Ken Oosterbroek, já falecidos. Fonte: Público.
~ 7 comentários: ~
at: 24 outubro, 2010 21:02 disse...
Todos eles têm consciência que isto pode acontecer a qualquer um a qualquer altura. Contudo é uma prova de coragem e dedicação à profissão.
at: 25 outubro, 2010 09:43 disse...
Incrível até que ponto alguém pode chegar pelo amor à sua profissao. Mesmo ferido seguia tirando fotos???
Impressionante!
at: 25 outubro, 2010 10:27 disse...
Que noticias tan duras nos traes hoy, la verdad es que los reporteros de guerra y en concreto los fotógrafos hacen una labor increíble. Otro tema es si realmente nos sensibilizan esas imágenes en plena era de la realidad virtual que pasan por la tele. Desde luego son ejemplos de agallas y sentido del deber y compromiso con su profesión. Admirables.
Un abrazo y gracias por la información
at: 25 outubro, 2010 13:12 disse...
Um profissional de alto nível e coragem, que no meio da dor e da morte quer deixar o registo dos acontecimentos que o marcarão para sempre.
Exemplo de profissionalismo e vontade, própria, para além do que julgamos possível.
Há pessoas... e pessoas...
Extraordinários momentos!
Maria
at: 26 outubro, 2010 10:59 disse...
lamentável, riscos que se sabe que podem acontecer mas sempre indesejáveis...será que vale a pena tamanho sacrifício? :)
at: 26 outubro, 2010 22:37 disse...
Tenho uma particular admiração por estes fotógrafos, talvez porque esta é a profissão que eu gostava de ter tido. O João é um dos melhores e dos mais cuidadosos, não merecia um azar destes.
at: 29 outubro, 2010 12:02 disse...
Tremendo, un quedase un chisco ferido cando le estas cousas. Abraiante a actitude deste profesional. Para mi tamen e unha profesion que sempre admirei e agora mais que nunca. Aprendin a apreciar a labor dun periodista, dun fotografo, dun camara... de guerra, dende que escoitei unha conferencia de Jon Sistiaga. Dende aquela (eu ainda non me adicaba a fotografia) comencei a comprender moitas imaxes, moitas, sobre todo algunhas moi criticadas incluso por min...
Desexolle unha pronta recuperacion.
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