A exposição Sangam, no lounge do Museu Oriente (Lisboa), de 30 de Julho a 19 de Setembro de 2010, reúne um conjunto de fotografias realizadas entre 2006 e 2007 por Carlos Cardoso, fotógrafo profissional, durante a grande peregrinação do Maha Kumba Mela, em Allahabad (Índia) e nos degraus (ghats) sobre o rio Ganges na cidade de Benares (Varanasi).
As imagens captadas por Carlos Cardoso não são, todavia, as imagens banais de um ocidental na Índia. Nem a especial qualidade das imagens deriva apenas de aspectos técnicos ou do facto de o fotógrafo conhecer bem a Índia, de ter percorrido o subcontinente em várias direcções e de por lá ter feito muitas e muitas fotografias. Igualmente importante é o facto de se tratar de fotografia a preto e branco, o que constitui, por assim dizer, uma defesa contra a banalidade turística e um modo de intensificar o dramatismo das imagens. Seja como for, também não é aí que reside o ponto-chave da diferença destas imagens em relação a muitas outras. A questão está, sobretudo, no ponto de vista.
Carlos Cardoso escolheu a multidão e o horizonte como seus protagonistas. Em vez de se deixar seduzir pelo "caos", ou seja, pela visão que os ocidentais de há dois séculos denominavam de "pitoresca", interessada na variedade e no contraste. Essa visão continua ainda hoje a dominar o olhar de quem não consegue orientar-se numa rua indiana ou de milhares de fotógrafos amadores e não amadores. Carlos Cardoso preferiu a visão romântica do sublime, para nos mantermos dentro das categorias antigas: escolheu as grandes massas e os grandes sentimentos, o belo e o espanto.
Estas fotografias são silenciosas e calmas, ao contrário da Índia. São enormes, tumultuosas e vivas, como a Índia. São, afinal, o resultado de um gesto meditado de colocação de ordem, grandeza e distância no caos.
No dia 6 de Agosto haverá uma visita guiada com o autor, com entrada livre. Fonte: Museu Oriente.
~ 0 comentários: ~
~ Enviar um comentário ~