Imagem: Jornal Hardmusica/Pedro Vieira
Nascido em 1956 em Santiago do Chile, Alfredo Jaar tem a arte de fazer as perguntas incómodas da maneira mais simples e factual.
"Cem vezes Nguyen" de Alfredo Jaar, um trabalho no âmbito da Photo España 2011 está patente no Museu Berardo.
Numa das suas peças emblemáticas, pela primeira vez apresentada em Portugal, lança uma das mais pertinentes interrogações que é possível formular sobre o mundo complexo em que vivemos.Cem vezes Nguyen (1994) é uma espécie de álbum de recordações da sua visita a um campo de refugiados vietnamitas, em Hong Kong, em 1991, onde o artista encontrou a pequena Nguyen Thi Thuy. Em homenagem às crianças nascidas nos campos, e de entre as 1378 fotografias tiradas durante a sua estada, ele escolheu publicar apenas o retrato desta menina, repetido cem vezes.
Alfredo Jaar fotografou-a cinco vezes, com cinco segundos de intervalo entre cada imagem. Como dizia o filósofo francês Jacques Rancière a propósito de uma outra obra de Alfredo Jaar – Rwanda Project (1994-2000), em que usava imagens de Tutsis massacrados que colocava dentro de uma caixa –, “a imagem estava escondida, mas a caixa trazia escrito o nome e a história da pessoa. Jaar mostrava assim que aquele milhão de vítimas era um milhão de indivíduos, que não estávamos perante uma massa indistinta predestinada à vala comum, mas diante de corpos com a mesma humanidade do que nós.”
Alfredo Jaar é um fotógrafo que recusa mostrar os fotografados como uma massa distante, indivíduos com os quais não tem nada a ver.
Num dos seus primeiros trabalhos, um dos que logo lhe trouxeram o reconhecimento internacional , "Rushes (1986)", havia uma imagem de um jovem mineiro brasileiro que o artista comentava assim: "Gosto da maneira como ele olha o fotógrafo, me olha, vos olha." Fonte: Hardmusica.
~ 0 comentários: ~
~ Enviar um comentário ~