Imagem: convite da exposição
Está patente até ao dia 30 de Abril, na Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, a exposição de fotografia "Man Ray, Jorge Martins e Julião Sarmento: Retratos de Mulheres".
A exposição "Retratos de Mulheres" reúne fotografias daqueles três artistas.
De Man Ray (1890-1976) é apresentado o notável conjunto The Fifty Faces of Juliet, da colecção Fondazione Marconi, Milão. São retratos de Juliet Browner (1911-1991), mulher do artista, fotografada entre 1941 e 1955. O projecto do livro The Fifty Faces of Juliet foi concebido por Man Ray no início do anos 50 do século XX, em homenagem a Juliet, e consiste numa selecção de fotografias tiradas em Los Angeles, onde Man Ray aplicou várias técnicas e estilos; imagens intervencionadas, coloridas e de dimensões variadas.
A fotografia de Man Ray destaca-se pela descoberta de novos processos fotográficos e pela subversão das técnicas tradicionais. A par da pintura, Man Ray manteve sempre a actividade de fotógrafo (registos mundanos, fotografias de moda, entre outros). Em 1940, fugindo da perseguição dos nazis, Man Ray deixa Paris, a sua cidade de eleição, e embarca em Lisboa para os Estados Unidos. É na Califórnia que conhece e se casa com Juliet Browner, fascinante modelo de feições exóticas. Man Ray fez uma espantosa série de retratos de Juliet, em poses clássicas, nús, poses holliwoodescas, mas também de uma Juliet reinventada e metamorfoseada, através do retoque dos negativos, de jogos de luz, de sobreposições ou da aplicação de cor.
Giorgio Marconi, amigo e coleccionador de Man Ray, tornou possível este projecto, proporcionando a tão desejada edição do livro (1981 e 2009), cumprindo assim o desejo do artista, e cedendo as fotografias da exposição, adquiridas pela Fondazione Marconi. Man Ray frequentou o casal Arpad Szenes e Vieira da Silva, nos anos 50, no atelier do Boulevard Saint-Jacques, num convívio artístico que Fernando Lemos testemunhou.
Em diálogo com Man Ray surgem dois artistas portugueses, Jorge Martins e Julião Sarmento por sugestão de Manuel Pinho, Presidente da FASVS e coleccionador e amante de fotografia. Este confronto traz a público fotografias pouco conhecidas, ou mesmo inéditas, de dois importantes artistas contemporâneos que, à semelhança de Man Ray, sempre fotografaram em paralelo com outras práticas artísticas. São também retratos de mulheres que surpreendem e elucidam indagações criativas.
Jorge Martins nunca pensou em mostrar as fotografias, 20 registos íntimos de modelo feminino, feitos entre 1964 e 1973, em Paris, a que chamou Eros cromático. Algumas fotografias foram realizadas no atelier parisiense de Vieira da Silva, rue de l’abbé Carton, cedido pela pintora aos artistas que lhe eram próximos (como Jorge Martins, Lourdes Castro e René Bertholo), quando se instalava em Yèvre-le-Châtel. As fotografias, coloridas a lápis de cera, são suporte para exercícios cromáticos e jogos de luz, onde sulcos e curvas remetem para motivos plásticos da pintura de Jorge Martins. O conjunto mostrado pertence à colecção do artista e a duas colecções particulares.
Julião Sarmento apresenta 62 fotografias de 31 mulheres, realizadas ao longo de 42 anos, núcleo criteriosamente escolhido por Sergio Mah de entre inúmeros negativos e provas. Na maioria inéditas, as fotografias, retratos de mulheres, foram realizadas desde finais dos anos 60 até à actualidade. O conjunto inclui registos íntimos, apontamentos espontâneos e lúdicos e imagens que sugerem intenções mais estéticas e conceptuais e que remetem para a produção artística mais conhecida do pintor. Todas as fotografias pertencem à colecção António Cachola.
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