21/07/10

Sérgio Guerra - Exposição de fotografia sobre os Hereros em Lisboa e Luanda


Mulheres Muhimbas da aldeia do senhor Tchimbari Kezumo Bingue, Biquifemo, Namibe, em Angola.
Imagem: Sérgio Guerra/Divulgação

Duas exposições do fotógrafo brasileiro Sérgio Guerra, em Luanda e em Lisboa, vão permitir redescobrir os Hereros, povo Banto que vive no sul de Angola e que atravessou décadas de conflito mantendo os seus traços culturais.

As duas exposições resultam das mais de 10 mil imagens e mais de uma centena de depoimentos que Sérgio Guerra, 50 anos, registou em Julho e Agosto de 2009 quando viveu com os Hereros. “Pouquíssima gente em Angola os conhece de perto, os conseguiria identificar ou simplesmente nomear os subgrupos que formam os Hereros”, diz Guerra.

Actualmente os Hereros totalizam 240 mil pessoas, parte vivendo também nos países vizinhos Namíbia, Zimbábue e Botswana. Os traços principais da cultura desse povo remontam a 3 mil anos e seus ancestrais teriam chegado a Angola há pelo menos três séculos – lá se instalaram nas províncias do Cunene, Namibe e Huíla. Com histórico caracterizado pela resistência (e sangue, consequentemente), opuseram-se à escravidão e outras formas de dominação. Num dos capítulos mais tristes dessa história, em 1904, 80% dos Hereros foram mortos durante um confronto com tropas alemãs na Namíbia.

Em Angola, eles também se negaram a baixar a cabeça perante o colonizador português. Porém, é errado dizer que chegaram ao século XXI absolutamente à parte das populações urbanas que se desenvolveram no país africano a partir da instalação dos europeus. Ou seja, os Hereros de hoje fazem comércio, frequentam escolas, consomem bebidas alcoólicas e alguns trocam os seus bois por carros. No entanto, é inegável que, mesmo não tão isolados do que se habituou a chamar de “civilização”, preservam parte significativa de sua cultura.

O gado é fundamental para entender boa parte do modo de vida dos Hereros. “O boi é tudo para eles, é a sobrevivência. Do boi, tiram tudo. Tutano, leite, o óleo com o qual se banham, o excremento que usam para construir as casas onde moram. É o banco deles. E é muito interessante como descentralizam o património. Têm uma dimensão muito precisa do que necessitam para sobreviver e de como devem ser estruturadas as coisas”, explica Sérgio Guerra. O primeiro contacto dele com os Hereros foi em 1999, durante a realização de um programa para a televisão pública de Angola.

Um dos aspectos mais reveladores é, sem dúvida, a poligamia da mulher e numa sociedade patriarcal. Enquanto os maridos viajam, transportando gado, elas podem ter relações sexuais fora do casamento. E, caso engravidem, é comum que os maridos assumam os filhos.

As exposições decorrerão, em Luanda, entre o dia 27 deste mês e 26 de Agosto, no Museu de História Natural e, em Lisboa, de 19 de Agosto a 18 de Setembro, na Galeria Perve.

~ 1 comentários: ~

RWS Photo says:
at: 21 julho, 2010 19:49 disse...

nice composition

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