09/02/10

Eduardo Gageiro vence prémio Autores 2010 SPA/RTP


A Sociedade Portuguesa de Autores e a RTP criaram o Prémio Autores 2010 e ontem foram entregues 20 prémios enquadrados em 8 áreas: cinema, rádio, dança, música, literatura, teatro, televisão e artes visuais, e dois prémios especiais.

Nas artes visuais, para “Melhor Trabalho de Fotografia” estavam nomeados os trabalhos:

. Potenciais Interstícios – José Miguel Soares e Alexandre Marques

. Grande Retrospectiva – Eduardo Gageiro

. Surrealismo – André Boto

Venceu a exposição “Grande Retrospectiva de Eduardo Gageiro“, que esteve patente ao público de 24 de Janeiro a 15 de Março de 2009, no Auditório Municipal Augusto Cabrita, Barreiro.

Eduardo Gageiro foi o fotógrafo português que deu a conhecer ao mundo os acontecimentos dos Jogos Olímpicos de 1972, em Munique. A registar momentos marcantes da Revolução de 25 de Abril, como aquele em que, na sede da PIDE, um soldado retira a fotografia de Salazar. Um dos melhores fotógrafos portugueses de sempre. Eduardo Gageiro já recebeu mais de 300 prémios em todo o mundo. Apesar de adepto da modernidade, não dispensa o rolo para preto-e-branco e o cheiro do laboratório. Aprecia paisagens mas gosta, sobretudo, de captar pessoas, o seu olhar e a sua alma.

É um gigante das lentes e um nome incontornável do fotojornalismo português. Eduardo Gageiro nasceu em 16 de Fevereiro de 1935 em Sacavém. Trabalhou na antiga Fábrica da Loiça e foi lá que aprendeu a fotografar. As imagens dos operários foram o mote para que o seu trabalho surgisse de forma humana, incisiva e crítica. Imagens captadas, à saída da fábrica, com uma pequena máquina fotográfica de plástico, emprestada pelo irmão, que ainda guarda de recordação. A primeira fotografia foi publicada no “Diário de Notícias” quando tinha apenas 12 anos.

Foi sempre um autodidacta. Desde cedo conseguiu registar os momentos certos, nas alturas certas, com evidente qualidade. “Alguns amigos emprestaram-me máquinas fotográficas melhores e, com a ajuda de alguns colegas que me iam dando dicas a nível estético e técnico, evoluí bastante”, conta Gageiro, em 2003, em entrevista à revista do Município de Loures. E, como sempre marcou a diferença e a ruptura com o socialmente instituído, alcançou reconhecimento nacional e internacional. O seu primeiro prémio foi conquistado num concurso do Sindicato dos Empregados de Escritório do Distrito de Lisboa, em 1955.

Iniciou-se no fotojornalismo na “Vida Ribatejana”, revista de Vila Franca de Xira, e em 1957 foi trabalhar para o “Diário Ilustrado”. Nunca mais parou. Gageiro notabilizou-se quando deu a conhecer ao mundo os acontecimentos dos Jogos Olímpicos de 1972, em Munique. Mas o grande momento da sua vida, a nível profissional e pessoal, deu-se no 25 de Abril. Fez fotos históricas, como aquela em que, na sede da PIDE, um soldado retira a fotografia de Salazar, ou o encontro das tropas no Terreiro do Paço. Marcante é também a fotografia em que o capitão Salgueiro Maia cerra os dentes e morde o lábio ao perceber que a Revolução tinha vencido.

O seu percurso é também marcado pela passagem, como fotógrafo oficial, pela Presidência da República durante os mandatos do general Ramalho Eanes. “Era um trabalho de ‘bate chapas’ que não fazia com grande prazer, embora fosse necessário do ponto de vista financeiro”, disse o fotógrafo na mesma entrevista. Sempre colaborou - e ainda colabora - com várias publicações e agências noticiosas, nomeadamente a Associated Press Portugal.

Gageiro sempre se sentiu seduzido pelas pessoas. Não dispensa um rosto, um sorriso, um olhar, um estado de alma. Com a sua objectiva, capta o que de mais genuíno há no ser humano. Nas suas imagens eternizadas, mostra que feliz não é apenas valorizar o sorriso, mas reflectir nele a tristeza. Contudo, regista também outros ambientes e paisagens, de preferência com uma máquina fotográfica tradicional. Gosta do acto de fotografar com rolo, da revelação, do cheiro do laboratório e, pela sua densidade, da fotografia em preto-e-branco. Não se considera, no entanto, retrógrado. Pelo contrário. Diz-se um homem da inovação e da modernidade.

Eduardo Gageiro já fotografou em todo o mundo. Timor e Cuba tiveram um significado especial. Timor, porque há muitos anos que ambicionava lá ir. Cuba, porque conseguiu ser recebido por Fidel Castro e fotografar sem grandes restrições. Também expôs e recebeu inúmeros prémios, tanto no País como no estrangeiro. Mais de três centenas, dos quais se destaca o 1.º Prémio da 11.ª Exposição Internacional de Fotografia Artística da China, em 2005, o maior concurso de fotografia do mundo, que contou com mais de 3500 participantes. A fotografia tem o título “Poluição” - retrata dois homens que trabalham na rua, com as chaminés da cidade do Barreiro como pano de fundo. A arte de fotografar será sempre a paixão da sua vida. Fonte: RTP

~ 3 comentários: ~

João Menéres says:
at: 09 fevereiro, 2010 18:24 disse...

Como habitualmente não vejo a RTP, não soube dessa atribuição ao amigo EDUARDO.
Ficam aqui as minhas felicitações.

Angel Corrochano says:
at: 10 fevereiro, 2010 10:01 disse...

Gracias por la información Ruimm, es importante que estas personas sean reconocidas como se debe, tras montones de años de trabajo. Enhorabuena, demostráis una gran valía en el arte fotográfico.
Un abrazo

Chapa says:
at: 12 fevereiro, 2010 20:06 disse...

Vi a exposição e conheço o trabalho do Gageiro. Este é um prémio que vale uma grande carreira, a carreira de um dos melhores.

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