Annemarie Schwarzenbach (1908-1942), escritora, jornalista e fotógrafa suíça, vai estar em destaque no Museu Berardo, no CCB, em Lisboa, a partir de segunda-feira, através da exposição “Auto-retratos do Mundo”. A partir de 200 fotografias, a mostra promete um “olhar humanista sobre o outro” obtido a partir de viagens realizadas pela autora, cuja visão permanece tão actual como há quase 70 anos.
Annemarie Schwarzenbach nasceu a 23 de Maio de 1908, em Bocken, perto de Zurique. Começaria por se interessar por História, área em que era doutorada, mas seria a escrita que falaria mais alto. Viajar tornou-se outra das suas paixões. Acabou por juntar as duas e lançou-se numa série de trabalhos a partir de passagens que fez pela Europa, Médio Oriente, África e América do Norte. Aí registou as suas memórias também em reportagens fotográficas.
Durante as suas viagens, esteve em Lisboa durante cerca de um ano. Estava-se em 1941, em pleno regime de ditadura em Portugal e em período de guerra. Seria a partir de Lisboa que queria contar ao mundo os dias difíceis de um povo abafado pelo fascismo. Mas esse objectivo ficaria a meio. Annemarie morreria um ano depois, em 1942, após uma queda de bicicleta.
A partir de 22 de Fevereiro até 25 de Abril, o Museu Berardo mostra algumas das imagens mais marcantes do percurso da fotógrafa suíça, naquela que é identificada como a maior exposição sobre a autora realizada até hoje a nível internacional. Emília Tavares, que com Sónia Serrano assume o comissariado da exposição, explicou em declarações à Lusa que inicialmente o objectivo da mostra era “mostrar apenas as imagens tiradas em Portugal” no início dos anos 1940, mas “por serem muito poucas” decidiu-se “alargar o âmbito da exposição”.
A exposição no Museu Berardo está dividida em cinco núcleos: “Fotobiografia”, “Tu Viste os Seus Rostos”, “A Eficácia Imagética dos Fascismos”, “Pode o Oriente ainda ser Oriente?” e “Deambulações Coloniais”. Segundo Emília Tavares, são imagens intensas que retratam um certo contexto histórico, “uma sociedade em convulsão que representa muito bem o período entre as duas guerras mundiais”.
A comissária sublinha a passagem de Annemarie Schwarzenbach por Portugal, um país que, segundo Emília Tavares, a fotógrafa pretendia regressar e ter como morada. “Tinha feito contactos para tornar-se correspondente de um jornal suíço”, contou.
“As reportagens, a obra literária e as fotografias de Annemarie Schwarzenbach constituem um legado importante para entender a realidade e a imagem do mundo contemporâneo, já que, em muitos dos seus aspectos, como o orientalismo ou o colonialismo, permanecem actuais”, reforçou a responsável. Fonte: Público
Imagens: Annemarie Schwarzenbach em 1937 (DR) e capa de catálogo.
~ 3 comentários: ~
at: 21 fevereiro, 2010 23:08 disse...
Eu tive azar, fui lá hoje. Vi aquela coisa a que dão o nome de BES qualquer coisa e ainda não pude ver esta exposição de fotografia.
at: 21 fevereiro, 2010 23:12 disse...
very cool!
at: 22 fevereiro, 2010 09:12 disse...
Gracias por la información amigo, eres ya un referente en el mundillo bloguero.
un abrazo
~ Enviar um comentário ~