24/11/09

"Lisboa, Cidade Triste e Alegre", 50 anos depois


Outra vez te revejo,

(...)

Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui...

(...)

Outra vez te revejo - Lisboa e Tejo e tudo...

Álvaro de Campos, Lisboa Revisited (1926)

Chamam-lhe poema gráfico. E ele tem, na verdade, estampada a poesia das palavras, o virtuosismo dos melhores: Pessoa, O"Neill, Sena, Miguéis, Mourão-Ferreira, Gomes Ferreira... No livro dos livros de fotografia criados em Portugal, entraram muitas fontes de poesia, muitos géneros de poemas, que estão para lá da rima e da métrica. À palavra juntaram-se, no papel, outras formas de poesia, a gráfica e a fotográfica - ingredientes para um poema visual total que nos "anos de chumbo" (Fernando Lopes) do fim dos anos 50 foi assinado por dois autores de talentos múltiplos, Victor Palla e Costa Martins.

Quando passam 50 anos sobre a primeira edição de Lisboa, Cidade Triste e Alegre, o único álbum português referenciado na bíblia mundial dos livros de fotografia - The Photobook: A History (Phaidon, 2004) - vai ser finalmente reeditado em Dezembro pela mão de outra dupla de fotógrafos, José Pedro Cortes e André Príncipe.

(…)

Em escalas diferentes, a história da iniciativa particular e da teimosia de poucos à volta da edição daquele que é considerado por Martin Parr e Gerry Badger (autores de The Photobook...) um dos melhores livros de fotografia da Europa do pós-Guerra parece repetir-se.

Se em 1959 Victor Palla (1922-2006) e Costa Martins (1922-1996) juntaram à sua criatividade todo o esforço e dinheiro para transformar em livro (distribuído por fascículos) o trabalho fotográfico que vinham desenvolvendo juntos nos bairros históricos de Lisboa desde 1956, Cortes/Príncipe ousaram dar, em 2006, um novo impulso a um projecto de reedição ambicioso, mas mais ou menos moribundo, que envolvia o autor de uma tese de mestrado sobre o livro, o Centro Português de Fotografia, a família dos autores e a reputada editora alemã de fotolivros Steidl.

Apenas na recta final, quando todo o projecto de Cortes/Príncipe estava encaminhado rumo à gráfica, a editora fundada pelos dois, a Pierre von Kleist, garantiu a venda de 500 das 2000 cópias a um banco, garantindo o retorno de parte do investimento. Há semelhanças nas dificuldades do passado e do presente. Em contramão, há uma diferença significativa no que toca ao reconhecimento do génio envolvido na criação de Lisboa, Cidade Triste e Alegre, contemporâneo de outros livros de fotografia incontornáveis, como Les Américains (Robert Frank, 1958) ou New York (William Klein, 1956).

Por Sérgio B. Gomes, in Público. Toda a notícia Aqui.

Imagem: Miguel Manso/Público

~ 2 comentários: ~

the dear Zé says:
at: 25 novembro, 2009 00:59 disse...

Uma muito boa notícia.
Tu não perdes uma...

ci says:
at: 25 novembro, 2009 13:06 disse...

Pois ainda bem que descobri este bolg, não só pelas excelentes fotografias mas também pela divulgação sempre actual do que melhor há por aí. Obrigado ruimnm.

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